20 fevereiro 2007

15 fevereiro 2007

Quimera

A Quimera é uma figura mítica oriunda da Anatólia e cujo tipo surgiu na Grécia durante o século VII a.C.. Sempre exerceu atração sobre a imaginação popular.

De acordo com a versão mais difundida da lenda, a quimera era um
monstruoso produto da união entre Equidna – metade mulher, metade serpente – e o gigantesco Tífon. Outras lendas a fazem filha da Hidra de Lerna e do Leão de Némeia, que foram mortos por Hércules. Habitualmente, era descrita com cabeça de leão, torso de cabra e parte posterior de dragão ou serpente.
Criada pelo rei de Caria, mais tarde assolaria este reino e o de Lícia com o fogo que vomitava incessantemente, até que o herói Belerofonte, montado no cavalo alado Pégaso, conseguiu matá-la.

A representação plástica mais freqüente da quimera era a de um leão com uma cabeça de cabra em sua espádua. Essa foi também a mais comum na arte cristã medieval, que fez dela um símbolo do mal. A quimera também pode ser considerada como um ser com corpo e cabeça de leão, com duas cabeças anexas, uma de cabra e outra de serpente.

Com o passar do tempo, chamou-se genericamente de quimera todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica. Em linguagem popular, o termo quimera alude a qualquer composição fantástica, absurda ou monstruosa, constituída de elementos disparatados ou incongruentes, significando utopia.

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Canto para seus amantes
Seus futuros pais celestes
Seus futuros possíveis
Seus finais óbvios derrotam-me

Então me leve (não há ninguém para fazê-lo)
Conforte-me (não há ninguém para fazê-lo)
Cuide de mim (não há ninguém para fazê-lo)

Capture-me


- Faith and the Muse, Iago’s Demise


A existência pode ser uma monstruosidade.

Nessa era, os olhos das pessoas são inquisidores cruéis.

Eles decepam, queimam e matam. Não há para onde correr. Não há inferno que te acolha quando se é um anjo caído sobre a terra. Os cercos, as fogueiras, as tochas. Todos estão em pânico e correm atrás de mim. Não quero morrer. Mas meus gritos não tocam o orgulho dos céus.

Num tempo em que nem os santos têm a medida do mal, apenas o Acaso estende os braços àqueles que procuram por abrigo e proteção. A noite eterna é feita de sombras. E as sombras são mudas, onde o silêncio é uma máscara plácida e bondosa.

Mas é preciso uma grande tristeza para suportá-lo; além de perícia e paciência para interpretá-lo.


Meu Acaso surgiu como um demônio branco sem propósitos. Tão pálido, que reluzia tenuemente com um brilho fantasma como o da lua. Seus braços me levaram para longe dos gritos, das tochas, dos olhos.

Não tenho força interior e convicção para servir a seu Príncipe trajado de sangue. Não tenho força de vontade para aludir à sua nobre causa por liberdade. Nem ao menos tenho as presas de que necessito para caçar. Mas tenho coragem para ficar a seu lado e protegê-lo com as minhas asas que não servem para voar.



Os fetiches e caprichos dos homens não me tentam mais, pois eu conheci o orgulho interior e a certeza do poder.

A vida de criaturas como nós tem um ritmo diferente. É um contínuo de dor angustiante. O demônio é o destinado do sofrimento, do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza; e a sua alma é uma parcela do infinito distante. O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende. Ele é o eterno errante dos caminhos que vai, pisando a terra e olhando o céu; preso pelos extremos intangíveis.

Meu Senhor é um demônio feérico, que preenche o meu silêncio com sorrisos cálidos. Tem os olhos densos como dois pedaços da noite, nos quais estrelas distantes fulguram e morrem. Em meio às chamas negras do Inferno, os demônios se amam e amparam-se, para que um paraíso ainda resista dentro deles.

Solidão dentro de um silêncio estático.

13 fevereiro 2007

Meu Quebra-Cabeças Particular

Eu joguei várias pistas para vocês. Nem sempre eu vou dizer “tome! Isso é uma pista! Investigue, oh insaciável ser das trevas!”. Na maior parte das vezes, eu apenas menciono um detalhe e espero que vocês me peçam um teste de Inteligência ou Raciocínio, ou deduzam as coisas por conta própria. Parte das pistas precisam da intervenção de outros NPC’s; é nesses casos que ter como Mentor um personagem da Realejo Reload ou da Admirável Mundo Novo seria útil. Mais do que isso, poderia ser vital. No entanto, personagens como Abel e Médici ainda estão em jogo e, bem, um de vocês dispõe de toda uma biblioteca mística. Outra questão: essa crônica gira em torno de pequenas revoluções (no sentido de política rebelde, mesmo) no cenário da noite. Aprendam a interagir com todos. Magos, Garous, Vampiros, Aparições... No final das contas, vocês têm um inimigo em comum.

É hora de começarem a juntar as peças e ir atrás das informações de que vocês precisam. Eu não vou jogar tudo no colo de vocês, mas posso afirmar que coloquei todos os NPC’s de que vocês precisam para desvendar o mistério. É só pensar um pouquinho e ir atrás deles.

Jogador revoltado: Mas você tirou nossa principal fonte de informação arcaica da cidade: os Mentores...! ¬¬

*sorriso* É... He he he!! Eu tirei. Mas eles retornarão em breve e eu sei exatamente para onde os mandei e porquê. Aliás, eu deixei bilhetes com a localização aproximada de onde eles estavam, não deixei? É só prestar atenção. Os Mentores longe de vocês no começo da crônica tem o seu propósito.

Bom, vamos deixar de papo. Eu vou fazer uma lista de detalhes que passaram despercebidos ou foram deixados de lado por vocês. Dar atenção a eles ou não é escolha das personagens de vocês. Eu apenas sigo a história. ^^”

Larza: os documentos que você pegou nos bolsos daquela menina que vocês matam logo no primeiro dia ainda está com você. Devia dar uma olhada melhor neles.

Raphael: o palazzo de Médici possui quatro andares. Em quantos você já esteve?

Raphael e Zadkiel: o sonho com o antigo Príncipe da cidade. Relembrem as cenas. De uma certa forma, ele depende de vocês.

Johannes: quando entrou nos pulmões de Erin, você foi parar DENTRO da Sede Sabá. Eu não me esqueci disso. Erin e o Príncipe também não...

Eleonor, John e Mako: o rapaz que conversa com/importuna vocês, que diz chamar-se Gordon, era bastante estranho, não acham? Eu penso que ele sabia demais... ¬_¬

Raphael: Você pertence à Camarilla, correto? Espero que esteja ciente da Terceira Tradição.

Aaron: a matilha Fianna está dividida entre o que fazer. E você sabe que faltam dois dias para a lua cheia. Aquele menino que os garous chamavam de “Parente” parecia bem impetuoso, não acha? Pessoas assim costumam ser líderes rebeldes...

Aniela: o diário na sua mão possui uma página arrancada. Já liberei que a sua conclusão de que naquela página estava a carta de David está correta. De uma certa forma, a carta está na sua mão! Peça-me o teste certo! Peça-me o teste certo! >___< style="font-weight: bold;">Johannes:
não se esqueça daquela cena-visão com o vampiro em frenesi e os três garous.

Raphael: o selo na carta que você pegou é obviamente o símbolo de alguma coisa. Dorian disse que não lhe era estranho. Dê mais atenção a isso. Não será complicado ligar o símbolo às informações que Brigitte forneceu sobre a carta .

Aniela e Larza: vocês estão dentro do quarto de David e ele jaz morto no chão. O que vocês farão? Há tantas lições ali... ¬.¬


Coisas às quais vocês SEMPRE devem prestar atenção quando eu sou o Mestre:

- Cenário. Cada casa, cada beco, cada palazzo guarda sua parcela de memória estática. Se eu faço vocês pararem em frente a um deles e lhes dar atenção, é porque alguma coisa há – ou houve – ali. Sobre isso: Aniela, lembre-se da noite em que chegou à Florença. Johannes, lembre-se da visão que teve naquele palazzo semi-destruído.

- Simbologia diversa. O selo do brasão nas cartas escritas por Judeau e David, a coroa dourada no braço de Erin. Tudo o que for símbolo remete vocês à alguém, à algum lugar ou à alguma organização. Nunca se esqueçam de investigá-los.

- Nunca se esqueçam também que eu gosto de considerar o Mundo dos Trevas como um todo. Nas florestas há garous e eles possuem suas próprias preocupações; por toda a parte há Aparições e elas gostam de importunar, mas sabem de TUDO o que ocorreu nos locais que habitam; Changelings andam entre vocês, mesmo despercebidos; Vampiros vagam pelas cidades e gostam de marcar territórios; Magos gostam de desmarcar e reivindicar. ¬¬ E apesar de tudo, é a humanidade o elo que une todos eles.

- As crianças devem ouvir os mais velhos. Ù_U Por mais velho que seja o seu personagem, eu sempre terei um NPC mais velho ainda para certas coisas. Saibam procurar os Antigos; não importa se você é um vampiro precisando de informações do Alfa Garou, ou se você é um Mago precisando dos conselhos de um Duque das Fadas. Saibam a quem recorrer e como recorrer; a ajuda deles é essencial e incalculável. (e os meus NPC não são tolamente intolerantes como os livros fazem vocês crer que são... ¬¬”)

- Eu adoro referências de crônica para crônica. Lorwich, East Anglia. Ninguém pensou em nada??? Pô, cara...! T____T


Mercenários, Assassinos e o Super Judeau

Resultado final disso tudo, onde 1 nível de Vitalidade significa um quadradinho completo:


JOHN ROSSINI

Um nível de Vitalidade por contusão (por aproximar-se de Judeau), um nível de Vitalidade por contusão (pelo encontrão do cavalo), 1 nível de Vitalidade por dano Agravado (pela aproximação maior com Judeau), 2 níveis de Vitalidade por dano Agravado (por ter se atracado com Judeau ¬¬).

Estado final: Aleijado.

Estado atual: Ferido, -2 dados (foi curado 1 nível de contusão e 1 nível Agravado).


RAPHAEL ANTLANTIS

Um nível de Vitalidade por contusão (por aproximar-se de Judeau), dois nível de Vitalidade por dano Agravado (pela aproximação maior, quando dá os golpes), dois níveis de Vitalidade por contusão (pelo “ataque mental” de Judeau), mais uma dor de cabeça dos infernos que te dá –2 em todas as jogadas até o final da noite.

Estado final: Aleijado.

Estado atual: Ferido, -2 dados + -2 de penalidade até o final da noite.


LARZA

Não lembro como foi o sistema de dano antes, mas sei que recebeu danos por contusão quando David abriu a porta e que recebeu 3 níveis de dano Agravado quando o matou, e terminou a cena em Incapacitado. ¬¬ Bom, você pode pagar Pontos de Sangue para curar um único nível agravado e um único nível por contusão (agravados serão curados de acordo com a regra oficial: um por noite) e voltar a fazer suas ações normalmente, mas, por hora, é triste. -__-

Estado atual: Fingindo-se de morto; Aleijado, -5 dados.


JUDEAU DE L’ISLE ADAM

1 nível de Vitalidade normal pela voadora de raspão; 1 nível de Vitalidade por dano normal por ter sido arrastado por seu cavalo uns 10 metros; 5 níveis de Vitalidade por contusão por ter recebido um chute de Potência 6; 4 níveis de Vitalidade de dano por contusão por ter caído de uma altura de cerca de 15 metros; 3 níveis de dano agravado pelos dois braços quebrados e semi-esmigalhados; 1 nível de dano normal por ter sido carregado pela águia sem maior cuidado; 4 níveis de dano letal pelas 5 facadas recebidos em pleno vôo; 4 Pontos de Sangue a menos – de um total de 10 – por conta do Suor de Sangue provocado por Larza.

...
&^$%@#!*, vocês pegam pesado, não? ¬¬”

Estado final: 3 níveis de dano normal, 9 níveis de dano por contusão, 4 níveis de dano letal e 3 níveis de dano agravado, o que resulta em um super humano com 20 níveis de Vitalidade! Tha-dáá!! \Ò____Ó/

Estado atual: em coma, sem possibilidade de ações. E, apesar disso, vivo! ^^ Há há há!!!
Frejat: Entendeu porque eu já não podia mais fazer um “milagre”? ¬¬”


A CARTA

Sem danos recebidos, encontra-se intacta dentro do casaco de Judeau. Respostas às dúvidas cruéis de vocês:

- A única ação de Judeau no turno foi um ataque mental contra Raphael. Afinal, ele tinha UMA ação, e vocês tinham de 5 a 7. ¬¬ Quem “derrotou” vocês três, Raphael, John e Larza, na verdade foi o Mako, personagem da Jwen. Que por sinal está batendo o maior lero nesse instante com o coitado do rapaz.

- Pepe, a carta esteve o tempo todo com Judeau; era ele o mensageiro de David. No entanto, na hora em que você me perguntou se ele era um bode espiatório, eu até pensei em considerar essa idéia no caso de Judeau ser morto. Mas, como ele não foi (hehe!) a carta ainda está com ele.

- Adessa Jacobina é a noiva de Judeau. U_U Ele ia aproveitar a viagem para entregar as duas cartas. E, bem, é que vocês se empenharam tanto para pegar ele que eu não podia deixar ele ir sem que alguma coisa caísse nas mãos de vocês, não é mesmo? ^^” Apesar disso, aprendam a seguir minhas pistas: mesmo a carta escrita por Judeau tinha um selo, não é mesmo? ¬.¬~♪

- O que há nessa carta? Bem, vocês têm até o final da noite para recuperá-la. Do contrário, ela SERÁ ENVIADA, mesmo com Judeau em coma. Se não conseguirem, eu posto a carta aqui, junto com uma imagem do meu “novo Baali”, hwa hwa hwa!!

Tomates para o Mestre

Ai, ai... U_Ú

Este post é pela falta de aplicação de regras que eu andei fazendo e pela qual já andei levando uns puxões de orelha. ¬¬ Ok, meninos. Mea culpa. Podem me crucificar! \+____+/ Prometo que, de agora em diante, estarei sempre com o Vampiro: Guia dos Jogadores (e vossas fichas ¬¬) à mão.

De qualquer forma, já vou aproveitar para corrigir umas coisas à respeito das Disciplinas e explicar outras. Começando pelos Gangrel, com os quais andei tendo problemas novamente.

Seguinte, gente, a primeira errata engloba mais as ações do Lu, mas já vai servindo de aviso para Céu e Chibiko (não tem mais nenhum outro Gangrel aqui, neh? o_O)e para o grupo como um todo. Dêem uma revisada nos poderes das Disciplinas de vocês, principalmente naquelas pouco usadas.

As notas que eu faço são:


ANIMALISMO

- Dar ordens a um animal necessita de contato visual (Manipulação + Empatia com Animais, dificuldade 6);

- Para convocar animais, estes precisam estar ao alcance da voz do personagem que precisa chamá-lo. Pois é, vão ter que grunhir, latir, uivar, grasnar ou simplesmente gritar. Inventem. Mas o chamado não é silencioso (Carisma + Sobrevivência, dificuldade 6);

- Animais ferozes não obedecerão suas ordens automaticamente, mas é possível usar o nível 3 de Animalismo para acalmá-los e depois dar os comandos. Isso, no entanto, exige que toquem o animal em questão (Manipulação + Empatia, dificuldade 7). Esse poder também funciona em mortais e vampiros;

- Tomar o corpo de um animal para compartilhar de suas visões ou mesmo controlar suas ações exige contato visual e toque (Carisma + Empatia com Animais, dificuldade 8). Animais que não possuam olhos não podem ser influenciados por esse poder e o corpo do personagem ficará desprotegido e imóvel, pois sua consciência estará no animal em questão.

- Induzir outros (mortais, vampiros ou animais) ao Frenesi exige que o próprio vampiro esteja em Frenesi ou próximo a ele, e o alvo precisa estar em seu campo de visão (Manipulação + Empatia com Animais). Um aviso importante: caso o vampiro saia da cena antes que o Frenesi do alvo termine, perderá sua Besta para sempre. Ou seja, isso influencia na sua Coragem, instintos selvagens, o personagem não vai mais entrar em Frenesi, Selvageria e Temerário serão anulados completamente e provavelmente deve haver outros efeitos colaterais dos quais eu não me lembro agora.


METAMORFOSE

Nada em especial, apenas duas notas.

- Ressalto que a minha permissão para que usem três pontos de sangue por turno se aplica a todas as Disciplinas que o permitam.

- Forma de Névoa, nível 5, não torna o personagem invisível, somente insubstancial. E, ao contrário da lenda, ventos não podem separá-lo em pedaços e, caso alguém tente algo do tipo, como prender parte da névoa em um vidrinho ¬¬, eu vou impor uma dificuldade tipo... 10! Ò___Ó.

- Outro detalhe interessante é que o dano causado pelas garras de um Gangrel são Agravados e não podem ser curados através de Pontos de Sangue! XD Há há há!!! Ou seja, vocês terão de esperar que eles se curem com o tempo (e isso vai incluir Magos e seus Efeitos de Vida, entenderam? ¬¬ Eu exijo Vida 3 e Primórdio 2 para quebrar essa regra).


UM AVISO ESPECIAL PARA O LU

Antes que comece e argumente que seu personagem é cego e que você convoca seus amigos animalescos através de uma Meta-Disciplina, eu já vou rebater com um puxão de orelha, um argumento e uma exigência.

O puxão de orelha é que o personagem é cego porque você quis e isso não te veio de graça. Esse defeito te concedeu 6 pontos; curta as conseqüências! XD

O argumento é que você não pode ter uma Meta-Disciplina com poder acima dos seus níveis de Disciplinas; se suas Disciplinas são nível 6, suas Meta-Disciplinas deverão ser equivalentes. A exigência, que está ligada ao argumento, é que eu quero elas por es-cri-to, como todos os outros fizeram e você, que disse que ia me entregar a descrição dos poderes, ainda não o fez.

Sobre o poder que você já vem usando há um tempo, sinceramente, já não lembro mais o que você combou para tê-lo, mas deduzo pelo uso que foi Animalismo para controlar os animais, e Auspícios com Metamorfose nível 3 para poder encontrá-los “pelo solo”. Até aqui tudo bem, o poder foi aceito e eu vou manter a minha palavra. Mas, convenhamos, que o seu personagem vem abusando um pouco disso aí. ¬¬” Eu vou impor os testes de acordo com as Disciplinas que você vem usando. Para começar, por ser cego, essa Meta-Disciplina já seria IMPOSSÏVEL para você, já que você precisa ter contato VISUAL com o animal para usar Animalismo. Mas eu vou apelar para o nível 4 de Auspícios e liberar o poder.

Apesar disso, Johannes terá obrigatoriamente que tocar o animal convocado se quiser compartilhar da visão deste e as suas outras ações enquanto estiver em comunhão com o bicho terão dificuldade aumentada ou Parada de Dados reduzida, por você estar tendo de dividir a sua mente para duas ações executadas ao mesmo tempo (aquilo que o animal faz, e aquilo que você faz). O grau dessa penalidade vai depender do que o animal estiver fazendo e do que Johannes estiver fazendo. No muito, eu exigirei um teste simples de Raciocínio + Prontidão ou Empatia com Animais para que você não perca o contato com o animal caso alguma coisa surpreenda Johannes ou você tire uma falha crítica no teste anterior.

Lembro-me que você tinha feito duas Meta-Disciplinas, mas só me recordo dessa, por ser a que você mais usa. Então trate de escrever o sistema delas e me enviar. ¬¬


QUIETUS

- Primeiro, que a Disciplina cria uma zona de silêncio a partir do vampiro num raio de 6 metros por Ponto de Sangue gasto, mas não permite que ele escolha um alvo específico para a Disciplina. ¬¬ Ou seja, todos pertos de Larza ficariam mudos com esse poder ativado, e não apenas Judeau.
Nota: D, caso você tenha visto isso em algum lugar, me avise! O livro não menciona nada sobre você escolher um alvo em específico. Apesar disso, eu vou fazer uma nova adaptação e te dar isso como um poder extra, ok? Pode ser uma Meta-Disciplina, se você quiser. Desde que o alvo esteja no seu campo de Quietus, você vai poder direcionar o seu poder somente nele, mediante um teste bem sucedido de Manipulação + Empatia ou Lábia, dificuldade 7; você precisará apenas de 1 sucesso. Se quiser que o poder de Quietus permaneça quando você deixar a cena, quero que pague um ponto de Força de Vontade.

- Somente para deixar todos cientes: o ferimento causado pelo sangue de um Assamita causa dano agravado e as cicatrizes que ele deixa são PERMANENTES, mesmo em vampiros. Ou seja, se o D deformar o rosto do seu lindo vampirinho com isso, os poderes do sangue de vocês não serão capazes de lhes devolver sua Aparência 4 ou 5! XD Há há há!! Personagens com Fortitude até podem ter um resultado menos pior do que os dos outros, mas não haverá como retirar a cicatriz que vai ficar. No caso da Fortitude, a cicatriz até pode ser menor e mais suave, mas a marca vai ficar SIM! Vou estipular que vocês precisariam de um cirurgião Tzimice muito habilidoso ou de um Efeito de Vida 3 + Primórdio 2 para voltar seus lindos rostinhos ao normal. Rituais Tremere não terão efeito aqui, pois isso não é mágica.


AINDA SOBRE DISCIPLINAS, UMA ERRATA.

Realmente, Mako não tinha poder suficiente de Ofuscação para tornar Judeau invisível naquela última cena. E, realmente de novo, o D estava certo: se o alvo de Ofuscação fizer alguma ação que surpreenda o vampiro que está controlando a Disciplina, o poder é desfeito. O alvo ofuscado não precisa, necessariamente, ser uma marionete das ordens do vampiro para permanecer ofuscado, mas fazer movimentos muito bruscos ou movimentos que o vampiro não esteja prevendo (como ser chutado pelos ares por um pontapé de Potência 6... ¬¬”), pode quebrar o poder da Disciplina.

Minhas desculpas.

No entanto, para um efeito de mantermos a seqüência e eu não ter que refazer uma cena que durou praticamente TODA a sessão do jogo ¬¬, quero dizer que a personagem da Jwen ainda possui outras Disciplinas que possibilitam o mesmo efeito ilustrativo. Em outras palavras, ela poderia ter feito aquilo com Ofuscação se tivesse o nível necessário (e ela não tem), mas também poderia ter empregado outra Disciplina que faria a mesma coisa (e que ela tem). Então eu vou manter a seqüência de cena do jeito como está. Óbvio que eu não vou revelar a ficha dela aqui, sendo assim, só o de que vocês dispõem é minha palavra. A qual espero que seja aceita... ¬¬”


FÉ VERDADEIRA

Mais uma coisa. Eu optei por fazer uma adaptação nas regras de Fé Verdadeira para tornar a interação de vocês com meus NPC’s mais viável. Ou seja, eu estou aplicando uma regra própria minha nessas ações. Quem tiver curiosidade pode dar uma lida no material de Fé Verdadeira (ou ir falar com o Frejat! ^^) e ver que a “original” é mais poderosa. Para começar ela cancelaria praticamente todas as Disciplinas de vocês e impediria completamente a aproximação dos personagens. Mas, se fosse assim, essa crônica seria impossível, não?

06 fevereiro 2007

Basilisco

O Basilisco era chamado o rei das serpentes, tendo na cabeça, para confirmar essa realeza, uma crista em forma de coroa. Supunha-se que nascia do ovo de um galo, chocado por sapos ou serpentes.

Haviam várias espécies de basilisco. Uma delas queimava todo aquele que dela se aproximava. Uma segunda assemelhava-se à cabeça da Medusa e sua vista causava tal horror que provocava a morte imediata. No Ricardo III de Shakespeare, Lady Ana, em resposta ao galanteio de Ricardo acerca de seus olhos, retruca: “Fossem eles os do basilisco, para te ferir de morte!

O naturalista romano Plínio, assim descreve o basilisco: “Não arrasta o corpo, como as outras serpentes, por meio de uma flexão múltipla, mas avança firme e ereto. Mata os arbustos, não somente pelo contato, mas respirando sobre eles e fende as rochas, tal é o poder maligno que nele existe.” Acreditava-se que se o basilisco fosse morto pela lança de um cavaleiro, o poder do seu veneno, conduzido através da arma, matava não somente o cavaleiro, mas até o cavalo. Luciano faz alusão a esse fato nos versos:

Ele matou o basilisco em vão,
Deixando-o inerte no arenoso chão.

Corre o veneno através da lança

E mata o mouro, quando a mão alcança
.

Os poderes maravilhosos dos basiliscos são atestados por vários sábios, como Galeno, Aviceno, Scaliger e outros. Por vezes, algum deles duvidava de uma parte da lenda, mas admitia o resto. Johston, um médico letrado, observa sensatamente: “Seria difícil de acreditar que ele mata com o olhar, pois, assim sendo, quem o teria visto e continuado vivo para contar o caso?” O digno sábio não sabia que aqueles que iam caçar o basilisco dessa espécie levavam consigo um espelho, que fazia refletir a horrível imagem sobre o original, fazendo o basilisco matar-se com sua própria arma.

Mas quem seria capaz de atacar esse terrível monstro? Há um velho ditado segundo o qual “tudo
tem seu inimigo” e o basilisco intimidava-se diante da doninha. Por mais amedrontador que fosse o aspecto da serpente, a doninha não se preocupava e entrava na luta ousadamente. Quando mordida, retirava-se por algum tempo para ingerir a arruda, que era a única planta que o basilisco não fazia murchar, e voltava a atacar com redobrado vigor e coragem, não deixando o inimigo enquanto não o estendia morto no chão. O monstro, como se consciente da estranha maneira pela qual vinha ao mundo, votava também extrema antipatia ao galo e estava sujeito a exalar o último suspiro tão logo ouvisse o canto daquela ave.

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Recordare, Jesu pie,
Quod sum causa tuae viae...*
- Dies irae


Somos os Filhos da Escuridão. Nós, os vampiros, somos feitos para ser o flagelo do h
omem, como é a peste. Somos parte das provas e das tribulações desse mundo; bebemos sangue e matamos para a glória de algum deus qualquer que deseja testar suas criaturas humanas.

Houve um tempo em que eu interpretava isso tudo como uma provação, um caminho de martírio. Não era mais humano, e devia andar sobre os espinhos para me redimir por isso ou tornar, na melhor das hipóteses, meu caminho menos monstruoso. Eu me ocultava em minhas próprias sombras, tomando apenas o sangue dos maus. Procurava o criminoso e o assassino, e os mandava rumo ao Inferno pela minha sobrevivência.

Até que um dia, ele apareceu.


Parecia que sabia exatamente o que dizer para atingir no âmago da natureza e do orgulho de qualquer um. Sua eloqüência era um deslumbre; a voz, um comando. E ele conseguia dar poesia a tudo isso.

Banqueteamo-nos quando e onde desejamos e cruelmente, e banqueteamo-nos com o inocente e com aqueles mais dotados de beleza e riquezas. Mas não nos gabamos do que fazemos para o mundo, nem nos gabamos uns para os outros.

Somos uma maldição das sombras; somos um segredo. Somos eternos.


Não gosto de regras; ao menos, não daquelas me fazem com que me sinta preso. Proibido de usar meus talentos para deslumbrar os mortais. Proibido de enganá-los com meus truques.
Proibido de procurar o conforto da companhia deles. Proibido de entrar nos lugares de luz. Eu não gosto disso.

Então, a Coroa Dourada passou a ser minha insígnia, e aquele demônio trajado de sangue carmesim, o meu Príncipe. Eu seria o seu Cavaleiro, lutaria por sua causa e protegeria sua coroa em nome de todos nós.

Já não vasculhava a mente procurando um crime que justificasse o meu banquete predatório. Já não praticava a requintada arte de beber sem fazer a vítima sofrer. Já não protegia o infeliz mortal do horror de meu rosto, minhas mãos desesperadas, minhas presas.


Eu passei pelos Ritos.

Nuvens silenciosas adensavam-se, enroscavam-se e passeavam pelo céu que escurecia. A chuva chegou, seu rugido suave abafado pelos gritos das crianças loucas que dançavam, pelo crepitar do fogo e pelo rufar dos tambores. Ouvi a chuva cair. Recebi-a, a chuva prateada caindo em mim como a bênção dos paraísos escuros, as águas batismais dos condenados.

Criatura esplêndida. E pensar que algum deus o criou da mesma forma como criou os meninos que você destruiu hoje, os corpos perfeitos que você entregou ao fogo.

Sempre me senti forte com seus elogios, por mais sombrios que fossem. Sua voz concedia um toque mágico às palavras...

Van Eiyck, o velho demônio de Gdańsk. Ele chegou aos desastres da era moderna com a beleza imaculada. Às vezes, ele parece perverso e até odioso, sentado naquele trono escuro. Sabe de muitas coisas. Não superestima os poderes dos Antigos, que, fugindo da invisibilidade social de muitos séculos, agora circulam entre nós com total desenvoltura. Onde ele realmente mora, e quando vai aparecer, ninguém sabe. Mas quando ele me olha, seus olhos negros são firmes e passivos. São como os olhos de um puck demoníaco, olhos que vêem o Inferno e o refletem para quem ousar encará-los.


Meu Príncipe é meu senhor, e eu sou seu Cavaleiro das Trevas, o basilisco venenoso estendido a seus pés. Seu cetro é minha bandeira e suas ordens meu consolo para matar. Eu o sirvo por compactuar com sua causa; nem por mais, nem por menos. Nas longas noites que ainda estão por vir, a lei dos selvagens será o regente e nós seus arautos eternos. Eu sou o próprio mal.

E o mal, pode estar em qualquer parte.

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* Lembrai-vos, Jesus misericordioso, Que fui a causa de vosso caminho. - Dias da Ira

O mercador das Arábias

Qual é o pior dos males que nos aguardam na velhice?
Aquele que marca mais profundamente as rugas em nosso semblante?
Presenciar cada ente querido ser apagado da página da vida.
Estar sozinho na Terra, como estou agora.
- Lorde Byron, Childe Harold´s Pilgrimage


_ Há quanto tempo vocês estão aqui?

_ Tempo? – riu o mouro com certa dificuldade – Esse conceito se tornou abstrato demais para nós. Não existe tempo dentro dessa câmara.

Lacrimus estava atônito com sua descoberta. Ela examinou a aparência daqueles que via, provou um pouco do sangue de um deles. Realmente, o tempo era longo o suficiente para ter se tornado incalculável.

_ Diga-me, quem são vocês? Que bárbaro os tranca aqui? Qual a história dessa câmara? Diga-me...

O homem preso às correntes examinou o visitante, o primeiro rosto novo que via há séculos. Ele tinha vontade de falar, apesar da fadiga, tinha vontade de que alguém compartilhasse do conhecimento de sua existência desgraçada, de seu fado sem esperanças. Ele limpou a poeira da garganta, aceitou o pulso do jovem que ali estava, e mirou os olhos no chão.

_ Nossa caravana trazia mercadorias do oriente. Viajávamos pelos países e trazíamos suas novidades para a Europa. Tapetes da Pérsia, sedas do Oriente, pássaros de nomes desconhecidos, as mais finas lãs tingidas de tons incríveis, algodão e linho e bordados finíssimos e uma profusão de fitas.

Nossa vida era simples, mas bem vinda. Por Alá, nada nos faltava. A Itália eram terras boas para o comércio. Sempre lucrávamos muito por aqui. Veneza, Gênova, Milão, Roma. Naquele ano, passamos por todas elas.

Até chegarmos em Florença.

Sua luz doce e cálida banhava mendigos e comerciantes; iluminava príncipes passando com pajens que lhes seguravam as pomposas caudas de veludo, os livreiros que espalhavam seus livros embaixo de toldos escarlates, tocadores de alaúde que disputavam uns trocados.

Os homens e mulheres aqui pareciam riquíssimos, banqueteando-se displicentemente com tortas de carne fresca em casas de pasto, bebendo vinho tinto e comendo bolos cheios de creme.

O dinheiro era bonito aqui – ouro ou prata florentinos. Amarramos nossas bolsas pesadas em nossos cintos. Ao fim do último dia, preparávamos os animais para partir, quando um jovem criado veio até nós. Pedia que o acompanhássemos até a casa de seu senhor. Ele dizia que seu senhor era um homem de muitas posses, mas muito ocupado; não dispunha de tempo ou saúde para perambular pelas ruas do mercado. Ele pagaria pelo inconveniente se pudéssemos levar nossas mercadorias até sua casa. Nenhum de nós estava disposto a atrasar a viagem, mas o jovem criado ofereceu, em nome de seu senhor, comida e estadia por aquela noite. E, a cartada final, o nome Médici era por demais conhecido para que pudéssemos recusar a oferta.

Ele nos atraiu para uma armadilha, uma emboscada. Mandou preparar um jantar, um grande banquete. Ofereceu-nos sua casa para passarmos a noite. Contratou músicos e eles tocaram a noite toda. Bastava que uma taça estivesse vazia, e um de seus meninos vinha para tornar a nos servir. E era um vinho de excelente qualidade, o melhor que eu já havia provado. Meus companheiros cantaram e dançaram por toda a noite; a comida e o vinho eram fartos.

Nosso anfitrião era um nórdico loiro e alto, os olhos de uma azul profundo e vazio. Pareceu contente com o que podíamos oferecer. As mercadorias o agradaram bastante e ele ficou com a maior parte da tapeçaria. Em sua casa, nobremente decorada, ouro e vermelho por toda a parte. Vermelho, vermelho e vermelho. Aquela era a sua cor.

Augustus Médici falava com uma voz macia. Discutia filosofia, política e história. Falava sobre Bizâncio e as novidades de Roma. Ninguém dava importância se nosso anfitrião não tocasse em sua comida, não bebesse de sua taça. Todos estávamos alegres. A vinda a Florença havia sido lucrativa.

Quando já estávamos cheios, todos nós, com os sentidos atordoados pela bebida e pela música, ele passou de mesa em mesa, conversou com cada um de nós. E eu vi quando seus dentes brancos rasgaram a garganta de um de meus irmãos. Mas o álcool não me permitiu entender o que realmente acontecia quando eu caí sobre a mesa.

Quando acordei, já estava preso aqui; exatamente aqui, neste lugar, onde estou até hoje. Eram os meados de 1550.

Suas visitas sempre foram rápidas e plácidas. E ele vinha sempre, a cada dois ou três dias. Tomava de dois ou três de nós, e depois partia sem uma palavra sequer. Tempos depois, ele trouxe consigo um garoto. O jovem não se espantou conosco e não havia piedade no olhar que jogava a nós, e aquele Demônio loiro o tratava de filho. Era um rapaz já com seus 20 anos, mais ainda imberbe de rosto. Tinha um olhar frio e jeito de poucas palavras, e Médici pareceu-me sempre muito apegado a ele. Várias vezes o ouvi tratando-o por “menino dos louros”, e seu olhar denunciava o carisma que tinha pelo jovem. Algo como o pai e o filho, o professor e o pupilo; aquele certamente era seu rebento.

O menino, com feições de bretão, em algumas ocasiões também tomava de nós. Algumas vezes, numa época em que nosso anfitrião passou muito tempo sem aparecer, o garoto descia até nossa câmara. Às vezes, ficava apenas chorando num canto, abraçado aos joelhos. Outras vezes, esbravejava e praguejava em uma língua que não conhecíamos; sua fúria geralmente se voltava contra nós. Porém, ele não tinha força suficiente nos punhos para nos causar algo irremediável pelo tempo.

No entanto, muito tempo depois, tempo demais, Médici apresentou-nos outro de seus pupilos. Outro jovem, mas bastante diferente do primeiro em personalidade. Era extravagante, com uma queda mórbida para o sadismo. Diversas vezes, a casa ficava sozinha. Ele se divertia conosco, nos sangrava, açoitava-nos com fogo, soltava ratos na câmara, permitia que os criados abusassem de nossa imobilidade. Certa vez, ele se sentou em frente a Giuliano com uma caixinha de madeira. De dentro dela tirou tesouras e bisturis, e outros instrumentos estranhos. Ele lhe abriu o peito e lhe tirou os órgãos diante dos olhos do pobre homem. Giuliano às vezes desmaiava, mas o Demônio o fazia despertar com álcoois que lhe dava para cheirar. Lembro-me de quando ele lhe arrancou o coração ainda batendo e fez o pobre tomar de seu próprio sangue. Ele abandonou meu companheiro em flagelos bem à minha frente; as vísceras e seu abdômen aberto ele deixou para os ratos quando subia as escadarias ainda rindo. Quando Médici voltou, dias depois, Giuliano ainda estava vivo.

O homem parou seu relato, tossiu. A presença de sangue assim tão perto o deixava inquieto. Lacrimus pensava. Em seus pensamentos, ele procurava organizar as informações.

_ Dê-me de seu punho novamente, senhor! Por favor, preciso disso...!

_ Ainda não. Primeiro, como se chamavam os garotos? Os jovens que vinham até aqui junto de Médici?

_ Não sei... Não sei o nome do bretão. O Demônio sempre o tratava por “meu menino”, ou “menino dos louros”. Se um dia chegou a proferir-lhe o nome, minha mente ocupou-se em esquecer. Mas o outro...

_ O outro...?

_ Ele tinha um nome alemão. Ele mesmo o disse a nós, para que guardássemos o nome daquele que seria o Príncipe da Noite. Ela parecia um tirano, um ditador. Mas também tinha algo de líder junto àqueles olhos negros de demônio.

_ O nome dele... qual era o nome dele?

_ Não lembro ao certo... Algo como Loudin ou Ludwin. Tenho certeza de que era um nome alemão. – o homem fez uma pausa, enquanto Lacrimus parecia pensar - Seu sangue, senhor! Dê-me o sangue...!

_ Loudin, Ludwin... – murmurou Lacrimus consigo mesmo. O nome de Augustus Médicci não lhe era desconhecido, mas o outro lhe era estranho. Ele procurava concentrar-se para tentar se lembrar de qualquer coisa que o ajudasse a ligar as informações.

_ Dê-me o seu punho, demônio maldito! – o homem esbravejava batendo as correntes, o rosto já marcado por lágrimas vermelhas, mas Lacrimus parecia não ouvi-lo; sentado ali no chão, ele pensava.

Um certo silêncio se fez. O homem parou de praguejar, os outros pararam de gemer.

_ Não tenho mais esperanças de me salvar. Sei que sou um demônio agora. Não desejo minha morte, pois tenho medo de encarar a face de Alá. Senhor... Senhor, peço que me liberte! Por favor! Liberte-me e eu o seguirei! O seguirei pelas sombras dos djins até o Inferno, mas não me deixe permanecer aqui!

Lacrimus olhou para o homem como se ele fosse apenas uma ilusão, como se não estivesse ali. Depois voltou à escadaria e tomou seu caminho para fora da câmara.

05 fevereiro 2007

Diários, maio de 1148

As corujas me chamam, por detrás dessas paredes desgastadas. Posso me mover, mas só um pouco. Posso me arrastar por sobre a poeira até a boca da cabana, e talvez até mais além. Mas não posso correr. Estou fraco e cansado demais para fazê-lo.

Numa taverna de beira de estrada, eu pensei em passar uma noite agradável com uma bebida e uma mulher barata. Fui bem recebido quando entrei, com a mão na espada como se preferisse lutar a beber. Um grupo de desconhecidos, não muito distantes do fogo, pediram que me juntasse a eles, e riram comigo, enquanto enchiam minha caneca. Eu saí com eles alegremente, segurando a mão gélida de uma de suas mulheres.

Eles me jogaram contra a parede do beco. Tomaram-me a espada, quebrando-a em dez pedaços. Eles riram quando meus músculos anestesiados pelo álcool me jogaram desastradamente sobre eles, e então arrancaram minha carne, expondo minhas veias. Eu tentei gritar. Eu deveria ter morrido, mas enquanto os demônios se embrenhavam novamente nas sombras, as mãos de um deles me levantavam. Eu vi a misericórdia na face de um monstro, e Deus me livre, eu me alegro com isso.

Ela me escondeu numa cabana a milhas de distância da cidade. Estou fraco demais para partir – meu desamparo se reflete em seus olhos quando ela vem me ver. Ela me toca como alguém faria com uma criança tola, me diz coisas sombrias sobre mim. Por vezes ela me traz uma lebre, ou algumas perdizes. O bastante para me manter vivo, apesar de não sentir fome. Mas ó Deus, a minha sede, a minha sede...

Meu sangue escorre em minhas lágrimas, pingando sobre a poeira.


02 fevereiro 2007

Os serviços de Brigitte

Estou abrindo esse post para passar melhor algumas informações. Primeiro, o que Brigitte, a nova “assistente” de Larza, pode ver por sobre o ombro de David (o cara do chapéu... ¬¬) e que tentou passar para vocês foram os seguintes fragmentos:


Hey hey de Florença, 15 no nonono no 0000.


Blá blá no nono smeagol no nonono blá. Blá blá blá, gogo no blá bláááá. Há há há no há. No nono gogo blá, fomos atacados por dois vampiros; Agata está morta. No nono smeagol no nono, blá blá no há há há nono go blá blá gogo blá.

Blá blá blá, nonono nono no smeagol nononooo, no blá blá. São extremamente agressivos blá blá blá, nonono, blá. Parecem ser numerosos. Blá blá blá, blá blá blá blá blá no nono blá blá blá. Smeagol gogo blá blá blá, nono no, smeagol no um jovem oriental blá blá gogo no lhe servir de consorte, nono blá blá no go me faz pensar que são bruxos. Blá blááááá blá nooo nono blá smeagol no blá.

Gogo smeagol go nonono, blá blá blá. Go blá blá, nono no nonono lupinos nas montanhas do sul. Blá blá blá, blá blá blá blá blá no nono blá blá blá. Go gogo no nonono outras criaturas podem habitar aquela região blá no blá smeagol blá blá blá.

Os moradores da cidade blá blá no smeagol há há há. Gogo no nono, há há há paladinos, nonono smeagol estudiosos que lhes guardem as memórias. Smeagol no, gogo blá blá blá. Não ousei relatar smeagol nono à Casa-Matriz, no nonono há há blá blá blá, peço que intervenha. Iloreide no há há blá nonono no gogo concorde com meus temores e envie outros Membros hwa hwa hwa. Smeagol gogogo blá blá no baka no há há gogo jovens como Jedeau e Agata são inexperientes no nonono blá blá no go blá. Aguardarei a chegada de meus companheiros no nonono.


Blá blá blá no blá blá,
David Há há há.


E, claro, o endereçamento simplório da carta: Lorwich, East Anglia. Existe, dentre vocês, um único Jogador (jogador, não personagem) que pode matar essa charada na hora, se tiver boa memória e souber ligar algumas informações. Leiam com cuidado, que aí no meio há duas citações, dois trechos, que remetem vocês ao “inimigo” com quem estão lidando.

Mas as duas dicas mais fortes para esse Jogador em especial seriam o nome e o lugar destinatário. Fora esse Jogador, creio que o restante de vocês não chegará a essa conclusão tão facilmente...

Divirtam-se.

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Antes que eu me esqueça, sábado Pepe vai continuar a montar as fichas com vocês, lá na biblioteca. Estejam todos lá, por favor.

O vinho dos Maus

De vez em quando, para fazer-nos mal
Os instrumentos das trevas dizem-nos verdades;
Conquistam-nos com bagatelas, para trair-nos
Com conseqüências muito mais graves.

- Shakespeare, Macbeth



Depois de relatar tudo o que havia acabado de vivenciar, atrapalhando-se com as palavras diante de sua descoberta, Lacrimus começava a retomar sua postura conforme Cala
bar lhe concedia algumas informações sobre aquele lugar abandonado com seus prisioneiros e, especialmente, sobre seu frio proprietário.

_ Então, você o conhecera...? O loiro que aparece na maioria dos quadros, em diversas épocas!

_ Ele fora um dos Antigos nessa região. Seja como Vampiro, seja como mortal. Estava aqui quando Florença não era mais do que um aglomerado de mercadores, estava aqui nos tempos de Rafael e Botticceli, e estava aqui quando sua Alteza tomou o poder, expulsando nossos inimigos. Augustus Médicci. Augustus, o alto de olhos azuis. Augustus, cuja mãe era da Gália e cujo pai era romano. Causava encanto e temor por onde passava, era respeitad
o, reconhecido pelo veludo vermelho que sempre lhe fora o preferido.

_ Hm, veludo vermelho. Tão fora de moda... – acrescentou Lacrimus.

_ Sim mas, na época, era moda as capas de veludo. E ele era um perfeito patrício, de pensamento elevado, um idealista devoto à Sociedade das Rosas. Parte da força de nosso reinado vinha de até onde as veias de sua influência podiam alcançar. Mas agora...

Os olhos de Dorian parecem volta
r de uma viagem silenciosa a épocas guardadas distantes em sua memória, quando ele dá um suspiro antes de continuar.

_ Agora o que resta dele são os quadros e afrescos que pintou e aquele velho palacete em ruínas. Depois da Grande Batalha, nada mais se soube dele. Penso que o sono dos anos devem tê-lo alcançado, enfim. Ele não se perderia tão facilmente e, assim, creio que voltará em breve; quando algo lhe mostrar que chegou a hora. – diz ele virando o rosto para encarar Lacrimus – Portanto, meu conselho é de que trate aquela casa como uma residência ainda habitada.

Havia uma advertência velada nas palavras de Calabar. Não uma ameaça ou um indício de que ele mesmo interviria, mas um conselho sincero graças à estima que tinha pelo outro que compartilhava de seu Sangue.

Lacrimus estava estupefato pela serenidade do outro. Calabar sabia sobre aquela cela subterrânea sabe-se lá há quantos séculos e, no entanto, mostrava-se indiferente co
m a idéia de equiparar o valor daqueles homens não mais do que com um frasco barato e simplório para um vinho secular.

_ Não sente repulsa disso, daquela câmara macabra? Há quanto tempo aqueles... aquelas coisas estão lá embaixo? Ou melhor, você sabia o tempo todo sobre aquilo lá e me diz isso com toda a indiferença que sua face é capaz de expressar. Está me dizendo que não fará nada?

_ Não dramati
ze as coisas, meu caro. Não sou o monstro que pensa. Um demônio da noite, sim. Um devasso do inferno, sim. Não tenho como o negar; mas ainda não um monstro. Algumas vezes, em uma ou outra noite a cada 30 ou 50 anos, eu levava algum animal que caçava no bosque para eles. Era divertido – e interessante – vê-los procurando uma forma de se alimentar ainda estando presos às correntes.

A expressão de Lacrimus era de total contragosto e perplexidade. Ele fulminou o ruivo com os olhos, os estreitou,

_ Você nada fará?

_ Nada. E aconselho que seja cauteloso em sua impetuosidade. Pelas leis dos homens ou pelas leis da noite, invasão de domicílio ainda é crime...

As palavras de Calabar ecoaram pela sala, mas terminaram levadas pela brisa salgada do Mediterrâneo que entrava dançando pela porta da frente que batia...


Diários, abril de 1148

No ano de Nosso Senhor de 1148, armei-me de espada e escudo para marchar até Edessa. Era iletrado e ignorante, e acreditava entender tudo sob o Céu de Deus, sabendo todos os segredos terrenos e mundanos. Eu era jovem.

Muito antes de nosso exército de maltrapilhos pôr os pés nos desertos do Oriente, fizemos guerra entre nós mesmos. Os exércitos da Segunda Cruzada nos atacaram e os muçulmanos nos derrotaram antes que tivéssemos chegado. Tive sorte em sobreviver. Os corvos encheram os céus.

Percorri o longo caminho de volta, com uma espada que havia provado do sangue apenas uma vez: o sangue de um homem de 15 anos, que tinha corrido para mim com uma lança. Eu estava cansado, mas ainda tinha forças para apanhar ou roubar comida em meu retorno. Carreguei minha espada como uma cicatriz, e poucos na estrada me desafiaram. Minha fé se enfraquecera e eu envelhecera. Ainda assim, parecia que o julgamento da minha vida havia passado. Eu tinha matado. Poderia fazê-lo novamente, e assim passei a temer a passagem dos dias um pouco menos.

Como poderia saber o que Deus havia reservado para mim?